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Aumento salarial no BB deve ser só para diretor indicado pelo mercado

Banco do Brasil
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Medidas criam plano de cargos e salários paralelo que reduz salários de funcionários de carreira e abrem brecha para novos cargos com altos salários

O Banco do Brasil anunciou ontem (3) uma série de medidas que vai alterar a forma de remuneração na instituição. O banco alega que potencializará os ganhos dos funcionários, com foco no reconhecimento a partir de seus desempenhos, mas aparentemente nem todos vão sair ganhando. “O que se quer na verdade é cortar salários dos funcionários. Pelo já divulgado o que parece é que os únicos que terão aumentos serão os altos executivos, nomeados pelo governo e indicados pelo mercado financeiro”, afirmou a diretor sindical Otoni Lima.

O presidente do BB, Rubem Novaes, disse no final de janeiro, durante evento promovido pelo banco Credit Suisse, em São Paulo, que os bancos públicos têm dificuldade de reter talentos. Desde a semana passada, a mídia vem anunciando que o bancoltinha a intenção de aumentar a remuneração de executivos de Brasília, que já têm altos salários, ocupam cargos de confiança, foram indicados pelo marcado e nomeados pelo governo, para impedir a debandada de profissionais. Ou seja: vai ganhar mais quem já ganha muito.

Além disso, mais uma vez o banco promove mudanças sem dialogar com os representantes dos trabalhadores, o que gera dúvidas e apreensão. Na avaliação do diretor sindical as medidas dão origem a um plano de cargos e salários paralelo, que reduz salários de funcionários de carreira, para se criar novos cargos executivos como os especialistas. No texto de anúncio, o diretor de Gestão da Cultura e de Pessoas do BB, Avelar Matias, diz que o “Programa Performa: Desempenho e Reconhecimento” resulta de “longo estudo e (que) foram utilizadas pesquisas de mercado no segmento bancário para rever os atuais modelos de remuneração, premiação e avaliação no BB, considerando para isso a necessidade de incentivar o melhor desempenho e a busca de resultados”.

Programa de Desempenho Gratificado - Todos os funcionários do Banco do Brasil podem ser atingidos pelas medidas do Programa de Desempenho Gratificado (PDG) já a partir do segundo semestre de 2020. O banco diz que o valor de investimento no PDG vai aumentar 120% e que o percentual de premiados em cada grupamento passa dos atuais 30% da rede de negócios para 40% do total de funcionários. Mas o Valor de Referência (VR) da gratificação de todas as funções será reduzido; todos os funcionários com gratificação de função terão suas remunerações reduzidas e precisarão futuramente disputar cargos com gratificações menores. Quem não conseguir função ficará sem nada, e quem conseguir terá redução das remunerações.

O regulamento do PDG será definido ao longo deste primeiro semestre. Para os novos participantes serão considerados pré-requisitos indicadores, metodologias de aferição de desempenho, de grupamento, de classificação e de premiação. O movimento sindical denunciou a falta de clareza nas regras para esta remuneração variável, mas o banco se recusou a negociar o programa.

“Não podemos abrir mão de direitos como a gratificação de função e outras conquistas que venham a ser ameaçadas. Vamos manter nossa unidade e resistir”, destacou o dirigente.

Redução de salários - A redução de salários pode ser confirmada no comunicado feito pelo banco, no trecho em que afirma que foram revisadas as remunerações fixas de todas as funções de confiança e gratificadas, ajustando os valores identificados como acima da média do mercado – a maior parte dos casos – e aumentando os que se mostraram defasados, como é o caso dos gerentes de relacionamento PAA, Private Sofisticado e Upper middle / Hunter Upper Middle. A medida faz parte de uma reforma administrativa realizada pelo governo federal em retaliação aos trabalhadores concursados de várias estatais.

Gestão de Desempenho de Pessoas - Além dos parâmetros e métricas já definidos na Gestão de Desempenho de Pessoas, o banco implementará outras ações para a gestão e ainda traz como suposta inovação análises e tratamentos posteriores aos conceitos atribuídos. Segundo o banco o objetivo é minimizar a adoção de critérios distintos entre os diferentes avaliadores.

A maioria das medidas passa a valer já neste primeiro semestre, como a mudança no Plano de Desenvolvimento de Competências (PDC), que agora é direcionado somente aos funcionários que apresentaram necessidade de aprimoramento no semestre anterior. A partir de março, o PDC ficará disponível na UniBB (Mapa de Carreira), sem necessidade de ciência do gestor.

A GDP passará a sinalizar os subordinados que apresentaram lacuna de desempenho aos gestores de equipe, considerando os conceitos recebidos de seus avaliadores. Esse grupo deverá ter registro de Acordo de Desenvolvimento específico e anotação relativa ao resultado do acompanhamento realizado.

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