Estratégia é burra também do ponto de vista comercial, em plena época de agências digitais e bancos virtuais
O presidente Jair Bolsonaro vetou uma campanha publicitária do Banco do Brasil que estava no ar desde o início deste mês e destacava a diversidade racial e sexual, com atores negros, tatuados, e uma transexual. É a segunda vez que questões culturais de comportamento são atacadas por Bolsonaro: logo no começo de seu mandato, ele se posicionou contra o curso de ética exigido pelo BB a seus funcionários.
Segundo a imprensa, Bolsonaro procurou Rubem Novaes, presidente do banco, para se queixar da peça publicitária. E Novaes mais uma vez mostrou que está afinado com esse pensamento retrógrado, encerrando a veiculação e demitindo o diretor de Comunicação e Marketing do BB, Delano Valentim. O curioso é que só chegou a essa conclusão depois do contato de Bolsonaro, o que leva ao questionamento se de fato já havia assistido ao comercial do banco que dirige.
Mais do que uma discussão ética e moral, que é de fato imprescindível – afinal não se pode retornar a uma cultura de Idade Média, punindo e calando as diferenças -, a decisão do BB é burra do ponto de vista comercial. A peça publicitária buscava justamente atrair para o banco o público jovem que hoje quer passar longe das agências físicas e tem optado por modelos de bancos virtuais.
“O BB está investindo nas agências digitais e precisa desse público, é estratégico. A retirada da publicidade só mostra o despreparo de quem está no comando. Ou o desejo de desmontar o banco de uma vez”, aponta o diretor sindical e funcionário do BB, Otoni Lima.
Todas essas ingerências na instituição (sem esquecer a promoção do filho do general Mourão) levam a crer que o BB vai se firmando aos olhos do público e de seus próprios empregados como uma empresa pública onde vale o pistolão, a antidiversidade e a cultura do atraso, além de jogar dinheiro fora.
Uma imagem que, pelo jeito, nem a melhor das campanhas publicitárias terá como resolver.