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Vacina virá para todos?

Coronavírus
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Ela ainda nem está pronta, mas já se começa a discutir se haverá interferência dos países mais ricos e os grupos prioritários para imunização

O coronavírus segue fazendo vítimas no Brasil e a grande discussão que começa a ganhar corpo é a da vacinação, já que a Rússia acaba de anunciar que fez o registro de um produto e vai dar início à imunização em outubro. Enquanto isso, o País já ultrapassou os 100 mil mortos e, no Grande ABC os casos de covid-19 chegaram a 47.780 ontem (12), com 1.892 mortes, de acordo com o Instituto ABC Dados.

Pelo mundo há mais de 166 vacinas sendo desenvolvidas para tentar brecar a pandemia. Dessas, pelo menos 30 estão em fase de testes clínicos, ou seja, com seres humanos, mas apenas 6 estão na última fase de testes. Para os brasileiros existem pelo menos três frentes em andamento. Duas são parcerias com os principais centros de produção de vacinas nacionais e uma envolve coalizão internacional. Mas até agora nenhuma foi aprovada.

Já a vacina anunciada pela Rússia tem, segundo a OMS, o problema de ter passado apenas pela primeira fase de testes, em que é verificada a segurança. Faltaria ainda a segunda etapa, em que é checado se há resposta do sistema imunológico e, principalmente, a terceira, que garante se a vacina realmente protege contra a doença. Ainda assim, deverá ser utilizada pelo Paraná, cujo governador revelou ter firmado acordo para produção.

As outras duas vacinas em estudo para os brasileiros, que já contam com acordos que envolvem a compra e produção em território nacional, são a desenvolvida pela universidade britânica de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca, escolhida pelo governo federal, e a criada pela chinesa Sinovac, que tem o governo de São Paulo como parceiro e deverá ser produzida pelo Instituto Butantan.

Com isso, seriam garantidas ao menos 220 milhões de doses das duas vacinas em teste caso se mostrem seguras e eficientes contra o coronavírus, quantidade suficiente para imunizar 160 milhões de brasileiros ao longo de 2021, começando em janeiro. No entanto, assim como ocorreu com a vacinação do H1N1, há o temor de que países ricos cheguem na dianteira.

O presidente americano Donald Trump já anunciou, por exemplo, ter garantido o estoque inteiro de uma fabricante de vacina por meses, algo semelhante ao que seu governo fez com estoques inteiros de remédios, equipamentos de proteção e insumos. O caso dos respiradores desviados pelos EUA, que inclusive iriam para estados do Nordeste, é outro exemplo recente.

Para todos? - Além disso, outra discussão sobre os grupos prioritários da vacinação já começa a ser travada no País. Sem a possibilidade de que chegue a todos de uma só vez, a pergunta é: quem estará no começo da fila? Segundo divulgado pela secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a lógica será a mesma da vacina para gripe (influenza), mas especialistas divergem, pois os grupos de risco são diferentes.

“É um erro. Doenças diferentes requerem estratégias diferentes. Na estratégia contra Influenza as crianças estão entre os grupos prioritários, o que é diferente da covid-19”, afirmou em entrevista ao G1 Fernando Hellmann, doutor em saúde coletiva e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo ele, quando a vacina chegar deverá ser dada “para que se restabeleça a igualdade de oportunidades em sobreviver à covid-19 entre todos brasileiros. A gente sabe que ela mata mais a população idosa, doentes crônicos, indígenas, negros e pobres. E por isso eles devem ser a prioridade”, afirmou.

A vacina será, definitivamente, a única forma de proteção efetiva contra a covid-19. Por isso, enquanto ela não chega, continue a se proteger e a proteger seus familiares e amigos, ficando em casa o quanto possível, usando sempre máscaras e lavando as mãos com água e sabão ou passando álcool gel. E continue colaborando com os mais necessitados, seja repassando informações ou doações, como na campanha solidária promovida pelo Sindicato – veja mais detalhes no site e participe!