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Grande ABC continua em quarentena por causa do covid-19, mas prefeitos pedem flexibilização

Coronavírus
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Se aprovada, mudança que vai contra recomendações da OMS deverá resultar em mais mortes pela doença

A quarentena, ou isolamento social com exceção dos serviços essenciais para evitar novos casos de covid-19 e propiciar atendimento médico sem o risco de superlotação, continua valendo nas sete cidades do Grande ABC. No entanto, os prefeitos das sete cidades enviaram documento solicitando flexibilização e o governador João Dória deve se posicionar até a próxima quarta, 3.

A região segue como faixa vermelha (alerta máximo) nas fases anunciadas pelo governo do Estado na semana passada. Apesar disso no último final de semana esse isolamento oscilou entre 48% e 51% (dados do Seade), índice considerado baixo e muito aquém do ideal.

Promover a flexibilização do isolamento quando o Brasil ultrapassa meio milhão de casos da doença é visto como passo decisivo para o aumento de mortes, segundo especialistas em saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), para a flexibilização alguns critérios são fundamentais. Entre eles estão o controle da transmissão e a capacidade dos serviços de saúde de absorver novos pacientes. Além disso, é preciso estar na etapa de estabilização ou de queda no número de novos casos da doença, e a curva no Brasil está em ascensão (veja mais abaixo).

“As pessoas precisam entender que vida normal e relaxamento só poderá acontecer quando houver vacina. Até lá, não dá para relaxar. Precisamos manter distância, ambiente arejado, sem aglomeração. E, em relação aos locais de trabalho, o lugar precisa ser ventilado e o uso do refeitório e a saída e entrada devem ser controlados”, explicou o médico infectologista do Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto, Ulisses Strogoff de Matos, em entrevista à CUT nacional.

No entanto, setores empresariais e comerciais pressionam pela abertura – o próprio presidente Bolsonaro colabora para disseminar fake news sobre a doença, confundindo a população. O encaminhamento dos prefeitos da região foi feito via Consórcio Intermunicipal no último sábado, 30, aos secretários estaduais da Saúde, José Henrique Germann, e de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.

Eles apresentaram como justificativas o incentivo ao isolamento social e ao uso de máscaras na região; abertura de hospitais de campanha, taxa de ocupação dos leitos de UTI menor que de outras regiões da Grande São Paulo e compra de aproximadamente 14 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs) para as equipes de saúde dos sete municípios. Os dados devem ser analisados pelo Comitê de Contingência do Coronavírus nesta terça, 2, e o governador deverá se pronunciar sobre o assunto no dia seguinte.

Critérios da OMS para flexibilizar medidas de isolamento social:

1. A transmissão da Covid-19 deve estar controlada;
2. O sistema de saúde deve ser capaz de detectar, testar, isolar e tratar todos os casos, além de traçar todos os contatos;
3. Os riscos de surtos devem estar minimizados em condições especiais, como instalações de saúde e casas de repouso;
4. Medidas preventivas devem ser adotadas em locais de trabalho, escolas e outros lugares aonde seja essencial as pessoas irem;
5. Os riscos de importação devem poder ser administrados;
6. As comunidades devem estar completamente educadas, engajadas e empoderadas para se ajustarem à nova norma.