Garantia foi dada durante reunião realizada ontem; Sindicato segue fiscalizando e orientando bancários e população na região
O Comando Nacional dos Bancários cobrou ontem (30) e os bancos se comprometeram a manter o isolamento que já colocou mais de 230 mil bancários para trabalharem em casa, em sistema de home office. O compromisso foi assumido durante videoconferência entre o Comado dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
Muitos dos que já estão trabalhando em casa têm procurado os sindicatos. Estão apreensivos pois querem saber se a quarentena será mantida ou se terão que voltar ao trabalho nas agências e departamentos. A apreensão se deve à ameaça feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, de que editaria um decreto obrigando o retorno ao trabalho. E também porque os bancários sabem que se inicia nesta semana um momento crítico do mês, quando aumenta a demanda pelo atendimento nas agências devido ao pagamento do benefício da Previdência, quando muitos aposentados precisam do atendimento presencial para retirar seus cartões, vez que será o primeiro pagamento que irão receber.
“A irresponsabilidade do presidente Bolsonaro ao defender o fim do isolamento social, na contramão do que dizem especialistas e organizações mundiais – caso da Organização Mundial da Saúde, OMS – angustia ainda mais os trabalhadores e, principalmente, pode piorar a pandemia em nosso País, colocando muito mais pessoas em risco”, afirma o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira. A entidade acompanha diariamente a realidade nos bancos, orientando população e categoria.
Uma das reivindicações dos representantes bancários é que os bancos implantem um sistema eficiente de controle de aceso às agências e atendimento presencial exclusivo para clientes agendados, informando em comunicado geral que serão atendidos presencialmente apenas serviços essenciais e casos de extrema necessidade previamente agendados. Com isso haverá mais segurança ao bancário, clientes e usuários, que não precisará ficar em filas na parte externa das agências.
Medidas já implementadas - A representação da categoria também cobrou respostas sobre as demais reivindicações de enfrentamento à pandemia causada pelo novo coronavírus, apresentadas desde o dia 12 de março, quando o Comando enviou ofício à Fenaban.
Durante a reunião de ontem os representantes dos bancos informaram ainda que cerca de 2.200 agências foram fechadas em todo o Brasil como medida para evitar a propagação do vírus. Também foram fechados postos de atendimento bancários em aeroportos e hospitais e voltará a ser negociado o fechamento daqueles que ainda não foram fechados por solicitação de outras categorias.
A pedido do Comando dos Bancários o Banco Central reduziu o horário de atendimento ao público. O objetivo é diminuir o tempo de exposição ao vírus e evitar os horários de mais movimento nos meios de transporte.
Ainda a pedido do Comando os bancos realizam uma campanha na mídia para orientar os clientes sobre o uso dos meios digitais e caixas eletrônicos, assim como sobre os riscos da contaminação pelo coronavírus.
Álcool gel - Os bancos informaram que disponibilizam álcool gel para os bancários que continuam trabalhando para manter as atividades essenciais do serviço financeiro e atender os casos de extrema necessidade, e essa é uma reivindicação básica para se evitar o contágio. “Os bancários continuam trabalhando no autoatendimento, o que os coloca diretamente em risco e vai contra aquilo que reivindicamos desde o primeiro dia. Há ainda pessoas com suspeita de contágio e gestores que não querem afastá-las, descumprindo o que negociamos. É fundamental que todas as unidades sigam as determinações, e o bancário deve denunciar se isso não ocorrer”, destacou o presidente do Sindicato.
Suspensão das demissões e metas e manutenção dos direitos - Na semana passada, dois dos três maiores bancos privados do País comunicaram que não demitirão funcionários enquanto durar a pandemia, o Itaú e o Santander. A manutenção dos empregos é prioridade não somente para a categoria mas para toda a sociedade. O movimento sindical cobra esse compromisso dos demais bancos privados - o Bradesco, por exemplo, ainda não se manifestou sobre o assunto.
Outra reivindicação da categoria foi a suspensão da cobrança pelas metas. Os bancos disseram que priorizaram o debate sobre questões que envolvem a saúde dos trabalhadores e clientes e o assunto não foi discutido ainda. Mas que foi orientado para que os bancos ajam com “razoabilidade”. Alertada que até há poucos dias havia banco cobrando até prospecção de clientes, a Fenaban informou que voltará a pedir essa razoabilidade aos bancos e que isso não vai mais acontecer.
Auxílio - O governo tem tomado medidas para atender o setor bancário e dar mais liquidez aos bancos, liberando R$ 1,2 trilhão para o setor financeiro, e agora os bancos precisam dar retorno à sociedade para que o Brasil consiga superar essa crise e a economia possa se reerguer. “
Se não fosse a pressão e articulação das centrais sindicais não teria sido aprovado o auxílio de R$ 600 aos que estão desempregados e na informalidade. Mas as medidas de crédito às pequenas e médias empresas são insuficientes. Serão R$ 40 bilhões ao todo, com exclusão de empresas com arrecadação menor que R$ 360 mil, o que vai deixar muitos sem receber nada. Defendemos também que esses recursos não precisem ser devolvidos”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT, Juvândia Moreira, que cobrou ainda que os bancos não cumpram o previsto nas Medidas Provisórias 927 e 928/2020, que autorizam as empresas a negociar sem a intermediação dos sindicatos.
“Valorizamos muito nossa mesa de negociações, que é um exemplo de como é importante patrões e trabalhadores decidirem juntos sobre questões que envolvem a classe trabalhadora. É por isso que questionamos as medidas provisórias do governo e vamos usar todos os recursos para que não sejam implementadas”, concluiu.