Entidades sindicais destacam importância de se garantir direitos aos trabalhadores atingidos pela doença e suas sequelas
Com quase sete mil mortos pela covid-19 a região do Grande ABC já contabiliza, nos cinco primeiros meses deste ano, mais vítimas fatais do que durante dez meses de 2020. São 3.509 pessoas mortas pela doença contra 3.480 no ano passado, segundo levantamento de jornal regional. Para especialistas, o fato pode ser creditado a aglomerações em festas natalinas, de Ano-Novo, Carnaval e Páscoa, além da descoberta da variante P1, de Manaus, mais agressiva e que acomete os mais jovens.
O cansaço, o abalo na saúde mental com o confinamento, a necessidade de trabalhar nas ruas para sobreviver pela falta de um auxílio emergencial decente (e, portanto, ter de utilizar transportes públicos, foco de transmissão) são outras condições apontadas para o crescimento da doença, sem falar, naturalmente, na falta de compromisso do governo federal, que protelou a compra de vacinas muito além dos limites da responsabilidade e distribuiu Fake News sobre a doença. “Infelizmente, a situação ainda é gravíssima, e especialistas da área da saúde já falam na possibilidade de uma terceira onda”, aponta o diretor sindical Otoni Lima.
A médica e pesquisadora Maria Maeno destaca que, além dos transportes públicos, também nas empresas se pode observar a ocorrência de aglomerações. Ela explica por que a covid-19 deve ser considerada doença ocupacional. “Nas empresas você tem espaços com pouca renovação do ar, e muitas vezes a organização do trabalho não permite que se tenha distanciamento físico. Sempre que ocorre covid no trabalho presencial entendemos que a sociedade deve esse reconhecimento de que se trata de doença do trabalho. Isso é importante para a prevenção e para os direitos previdenciários e trabalhistas”, afirma (veja vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=_SV4Gb-nCDo).
A atenção à categoria vem sendo destacada pelo Sindicato, que desde o início da pandemia reivindica ações protetivas junto aos bancos, prefeituras e entidades da região e nacionalmente, além da inclusão dos bancários como categoria essencial e prioritária no recebimento da vacina. “Até agora não tivemos respostas satisfatórias, mas continuamos a insistir e percorrer as agências bancárias para verificar a adoção das medidas de proteção, ocorrência de casos, denúncias. Diariamente o Sindicato se faz presente”, lembra Otoni, acrescentando que todos devem colaborar e não relaxar nos cuidados preventivos.
A Contraf-CUT também realiza o webinário “Sequelas da Covid-19 sobre a saúde dos trabalhadores”, com abordagem técnica sobre consequências da contaminação pelo novo coronavírus após a doença ter sido combatida. Segundo a entidade a categoria já garantiu uma grande proteção à saúde desde o início da pandemia e, agora, é preciso abrir negociação sobre estas sequelas e saber dos bancos que providencias estão tomando para atender aos trabalhadores que se contaminaram.
No primeiro painel a doutora Clarissa Lin Yasuda, médica e professora assistente de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/Unicamp), abordou sequelas físicas e mentais da covid-19. “Só com pesquisa, só com estudo a gente vai saber como fazer a reabilitação de quem sobreviveu, como fazer o tratamento de quem vai precisar. Fingir que isso não está acontecendo, fingir que as pessoas estão totalmente recuperadas é tão grave e tão cruel quanto não tratar e não dar o devido valor a doença”, afirmou.
Assista ao primeiro painel do webinário aqui