Sindicato vem fiscalizando locais de trabalho e encontrou várias irregularidades; a cada 41 minutos um morador do Grande ABC perdeu a luta para a doença no mês de março
Durante toda a semana que passou, marcada pelo megaferiado nas sete cidades do Grande ABC (com encerramento neste final de semana), o Sindicato percorreu agências bancárias da região para fiscalizar o cumprimento aos decretos municipais. Os diretores sindicais encontraram muitas irregularidades, demonstrando uma grande falta de compromisso dos bancos em proteger seus funcionários e a sociedade em geral da pandemia de coronavírus. E nesta quinta, 1, um caso de covid-19 registrado em agência da Caixa mais uma vez tornou evidente a necessidade de fechamento das unidades (veja detalhes no site).
Entre as ocorrências da semana, muitas delas registradas em vídeo e fotografias pelo Sindicato, figuram agências de portas fechadas, mas com bancários trabalhando internamente; agências abertas sem qualquer preocupação com distanciamento e até mesmo com aglomeração. Em outro caso, nas cidades em que se permitiu apenas o atendimento a serviços essenciais, houve descumprimento dessa regra e demais tarefas estavam sendo realizadas. Entre os bancos mais denunciados estão o Santander e o Banco Mercantil do Brasil (BMB).
O Sindicato acionou os órgãos competentes, inclusive a GCM para impedir o funcionamento dos locais de trabalho. Porém houve grande dificuldade para contatos com a Vigilância Sanitária, demonstrando que também as Prefeituras falharam, por não agilizar canais de comunicação neste período ou promover uma força-tarefa para apurar denúncias e fazer valer o isolamento social.
“Enquanto a vacina não chega para todos a alternativa que temos é intensificar o isolamento para tentar conter a transmissão do vírus e reduzir a ocupação nas UTIs, que estão lotadas. Por isso deveria ter havido mais compromisso dos bancos e mais atuação das prefeituras, tanto na fiscalização quanto na comunicação”, aponta presidente do Sindicato, Belmiro Moreira. Ele lembra que as cidades da região estão interligadas, então as ações devem ser conjuntas, válidas para todo o Grande ABC.
O movimento sindical bancário já reivindicou que a categoria seja incluída no grupo prioritário para receber a vacina, já que no dia a dia muitos estão na linha de frente de atendimento. “Desde o início da pandemia os bancários estão trabalhando de forma intensa e estressante. Um exemplo é o pagamento do auxílio emergencial, com atendimento a milhares de pessoas na Caixa, e que deve ser retomado agora. A categoria merecia o megaferiado também por isso, mas os bancos são insensíveis; preferem alardear que estão agindo contra a pandemia, mas na prática não é assim”, afirma Belmiro.
Covid-19 na região – Segundo levantamento publicado por jornal da região, com 5.670 mortes por covid-19 o Grande ABC chegou a 202 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes. Se fosse um país seria o quarto do mundo com mais baixas, proporcionalmente, atrás da República Tcheca (245 a cada 100 mil habitantes), San Marino (244) e Hungria (211).
A pior situação é a de São Caetano, com 319 mortes a cada 100 mil habitantes, seguida por São Bernardo (214), Santo André (207), Diadema (191), Ribeirão Pires (169), Mauá (156) e Rio Grande da Serra (132). No Brasil, a taxa é de 153 e no Estado de São Paulo, de 164.
A trágica situação revela ainda que a cada 41 minutos um morador do Grande ABC perdeu a luta para a covid-19 em março, o mês mais letal de toda a pandemia. Março terminou com 1.087 mortes em razão da doença, de acordo com dados dos boletins epidemiológicos das prefeituras, e com 2.705 perdas no geral.
É um número recorde de mortes desde 2003, quando a Arpen-SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de São Paulo) passou a tabular dados de óbitos nas cidades, e isso sem que os dados de março estejam consolidados. A marca anterior era de junho de 2020, com 2.195 baixas, sendo 533 causados pela covid-19.