Condição é explosiva para crescimento da covid-19 no Grande ABC, que em menos de dois meses registrou 428 mortes
Cerca de 80% dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) destinados ao tratamento da covid-19 no Grande ABC estão ocupados. A informação é do Consórcio Intermunicipal, órgão que reúne prefeitos das sete cidades que formam a região. Apesar desse quadro, a taxa de isolamento, que poderia reduzir o contágio e a ocupação nos hospitais, é mais baixa do que no Estado: 46% contra 48%, segundo o instituto ABC Dados.
Outro dado preocupante diz respeito à oferta de respiradores. Mesmo com as cidades inaugurando novos leitos em hospitais de urgência ou de campanha, recém-construídos, há falta desses aparelhos no mercado. Um exemplo é o que ocorreu em São Bernardo, cidade que na semana passada inaugurou o Hospital de Urgências (HU) para o tratamento exclusivo de pacientes com o novo coronavírus mas entregou menos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do que o previsto: devido à falta de respiradores, apenas 40 leitos de UTI possuem os equipamentos.
“Quando iniciamos o acompanhamento dos casos de covid-19 na região nossa preocupação era justamente essa, de reforçar as informações para o isolamento social para evitar o colapso de leitos e respiradores. Infelizmente, porém, o que estamos observando é justamente o contrário. Falta entrosamento entre os governos e diálogo com os representantes dos trabalhadores para se criar condições mais eficazes de proteção”, afirma o diretor sindical Otoni Lima.
Lockdown – A primeira morte por covid-19 no Grande ABC ocorreu em 25 de março. Em menos de dois meses, os casos ultrapassaram 4.401, com 428 óbitos (até ontem, 20, segundo o Instituto ABC de Dados).
Mesmo diante destes números, a região não pode decidir sobre um bloqueio total (lockdown) sem adesão dos demais municípios da região Metropolitana de São Paulo e aguarda posicionamento do governo do Estado sobre o tema, de acordo com o Consórcio Intermunicipal.
Bancários - Nesse contexto de reforço ao isolamento social, os prefeitos regionais resolveram antecipar o feriado de 9 de julho para 22 de maio. No entanto, os bancos não acataram a decisão de feriados antecipados (nem na região nem no Estado), alegando que foi inesperada, sem tempo para os preparos operacionais necessários; ou seja, não tem validade para a categoria bancária, na qual muitos trabalhadores prestam serviço essencial, como é o caso do auxílio emergencial, por exemplo.
Ainda em relação aos bancários, o Sindicato vem reivindicando a inclusão da categoria em testes rápidos que estão ocorrendo em São Caetano e Santo André, mas, até agora, sem sucesso (leia mais sobre esses assuntos no site).