Brasil representou 18,2% do lucro global do banco espanhol que foi de € 2,571 bilhões, alta de 13% em doze meses
O banco Santander obteve Lucro Líquido Gerencial de R$ 2,14 bilhões no primeiro trimestre de 2023. O valor representa queda de 46,6% em relação ao mesmo período do ano passado e reflete o crescimento de provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD), que mais que dobraram em 12 meses (+120,1%), totalizando R$ 10,85 bilhões no trimestre. Em sumário de análise dos destaques do balanço do Santander, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) explica que o aumento da PDD se deu, em grande medida, por conta do caso Americanas S.A., que, em janeiro, divulgou rombo bilionário, sendo o Santander um dos credores da empresa mais afetados.
Apesar disso, o lucro obtido pelo Santander no Brasil representou 18,2% do seu lucro global, que foi de € 2,571 bilhões (alta de 13% em doze meses). Também nesse período, o Patrimônio Líquido (ROE) do banco ficou em 10,6%, decréscimo de 10,1 pontos percentuais (p.p.) ao longo de um ano.
“Como temos acompanhado a cada divulgação de resultados, o Brasil é um país muito lucrativo para o Santander. A queda recente ocorreu por uma situação pontual, das Americanas. No mesmo período do ano passado, por exemplo, enquanto os índices econômicos no país apresentavam deterioração, com cenário de crise econômica e social, o banco seguiu mantendo lucros exorbitantes. E, mesmo assim, não ocorreu aumento expressivo de contratações, favorecendo a sobrecarga dos empregados que continuam expostos a metas abusivas”, criticou a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Lucimara Malaquias.
A bancária do Santander e secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rita Berlofa, completou que o Santander tampouco oferece alguma contrapartida social ao país. “Os bancos não podem apenas se beneficiar dos lucros obtidos no país e que, como sabemos, são obtidos pelas altas taxas de juros que impõem para o cliente brasileiro”, acrescentou.
Menos agências
A holding Santander encerrou o primeiro trimestre com 53.556 empregados, com saldo de abertura de 561 postos de trabalho em doze meses. “Esse número de postos abertos ainda é muito pouco se pensarmos na relação entre empregados e clientes. No mesmo período, a base de clientes do Santander aumentou em 6,8 milhões em doze meses, totalizando 61,6 milhões em março”, observou Lucimara. “Além disso, dessas 561 vagas, a maioria foi de terceirizados. Basta visitar as agências e veremos cada vez menos bancários, que ficam ainda mais sobrecarregados”, completou.
Em relação à estrutura física, no trimestre foram fechadas 100 agências e 42 Postos de Atendimento Bancário (PABs) na mesma comparação. “O banco tem apostado na fusão de agências e abrindo pontos de atendimento gerencial com menos funcionários. Em especial nas regiões periféricas temos cada vez menos agências”, observou a coordenadora da COE.
Crédito
A Carteira de Crédito Ampliada do Santander no país teve alta de 12,3% em doze meses, somando R$ 586,4 bilhões, e de 1,9% no trimestre, atingindo R$ 536,5 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 8,4% em doze meses, representando 45,7% do saldo total das operações de crédito do banco. Já o saldo das grandes empresas aumentou 18,8% no período, pequenas e médias empresas registraram crescimento de 6,9% e o financiamento ao consumo, de 1,4%.
O Índice de Inadimplência superior a 90 dias ficou em 3,2% no trimestre, com alta de 0,3 p.p. em comparação ao primeiro trimestre de 2022. Todos os segmentos apresentaram crescimento na comparação anual, com destaque para as carteiras de consignado (+14%), imobiliário (+7%) e veículos (+4%).
Veja abaixo a tabela resumo do balanço do Santander, ou leia aqui a íntegra da análise, ambos elaborados pelo Dieese.
Fonte: Contraf-CUT