Representação dos empregados cobra manutenção do caráter público e da responsabilidade social do banco
A Caixa divulgou hoje (24), a troca de vice-presidentes no banco, substituindo três mulheres por homens no alto escalão. Em outubro de 2023 já havia ocorrido a substituição de Maria Rita Serrano por Carlos Antônio Vieira Fernandes na presidência. Na ocasião, o Sindicato, junto à Contraf-CUT, demonstrou seu desagrado pela substituição de uma mulher por um homem no comando, lembrando que o banco não pode ser usado como moeda de troca.
O presidente do Sindicato, Gheorge Vitti, questiona o papel social do banco sob a nova gestão e a redução do empoderamento feminino. “Nossa categoria tem como bandeiras a igualdade, a discussão da diversidade no trabalho, a luta pelas oportunidades iguais na carreira e na vida. Não podemos aceitar retrocessos, e é isso que essas trocas na Caixa representam”, destaca. Segundo a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, as mulheres representam cerca de 50% da categoria, mas essa proporção não se reflete nos espaços de cargos de gerência e de comando das instituições.
Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, aponta que as mulheres, em 2021, representavam 48,4% do total da categoria bancária. No entanto, ocupavam apenas 46,5% dos cargos de liderança.
Banco público - A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, também se mostrou preocupada com a manutenção do caráter público da Caixa, que mantém sua responsabilidade com o atendimento da população e com o desenvolvimento social e econômico de todo o País.
“Esperamos que esta responsabilidade social e de desenvolvimento do país não seja afetada com as substituições que estão sendo realizadas na Caixa”, disse a coordenadora da CEE. “A Caixa é pública e assim deve permanecer, independente de quem assuma o controle do banco”, completou.
Ela acrescentou que a Caixa tem responsabilidade com o atendimento de toda a população brasileira, mesmo nas localidades nas quais os bancos privados não têm interesse em atuar, alegando inviabilidade financeira de manter a operação. “A Caixa chega a manter unidades em barcos, para atender a população ribeirinha na região Norte do país. Isso é responsabilidade social, que apesar de ser obrigação de todos os bancos, mesmo dos privados, que funcionam sob concessão pública, é respeitada apenas pelos bancos públicos, como a Caixa”, ressaltou.
A coordenadora da CEE também falou sobre o importante papel de desenvolvimento regional mantido pela Caixa e os demais bancos públicos. “Os bancos públicos, como a Caixa, disponibilizam crédito para todas as regiões do País. Os bancos privados concentram sua atuação na região Sudeste e só disponibilizam recursos para quem já tem dinheiro. Isso gera ainda mais concentração de renda e o aumento da desigualdade no País”, ressaltou.
Outro levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados do Banco Central, aponta que, em junho de 2023, os bancos públicos foram responsáveis por 40% do crédito ofertado no País. Na análise segmentada por regiões, o levantamento aponta que, no mesmo mês, os bancos públicos foram responsáveis por 51% do crédito ofertado na região Norte; 52% na região Centro-Oeste; 50% na região Nordeste; 44% na região Sul; e 39% na região Sudeste.
Fonte: Contraf-CUT, com edição