“Caixa para Elas” não foca nas recentes denúncias de assédio sexual no banco, desrespeitando as empregadas
Depois das denúncias de assédio sexual e moral na Caixa, que culminaram com a saída do ex-presidente Pedro Guimarães e outros executivos e a posse de uma nova presidenta, Daniella Marques, o banco público deu início nesta semana ao programa Caixa para Elas. A expectativa era de conversas e debates para valorização das empregadas, mas, infelizmente, a apresentação inicial, ontem (25), focou apenas na venda de produtos para mulheres.
“Foi uma grande decepção para todas as empregadas do banco, que passam por um processo de forte impacto psicológico e esperavam por acolhimento e respeito”, afirma a secretária de Formação do Sindicato, Inez Galardinovic. Segundo as informações apuradas pelo Sindicato o banco nomeou duas “embaixadoras” em cada agência e criou atendimentos exclusivos para mulheres, mas aparentemente com o único intuito de promover mais vendas.
O programa traz links para reunião com as empregadas durante essa semana. Em sua apresentação o banco diz que a ideia é tornar a Caixa “embaixadora, protetora e promotora do protagonismo e empreendedorismo feminino”. Os encontros têm temas como educação financeira, empreendedorismo, emancipação, acolhimento, identificação e orientação (“salve uma mulher”), detalhamento do horário de atendimento e do “espaço pra elas”.
“Será que em algum momento esses encontros vão falar sobre o combate ao assédio, que foi prometido pela Caixa após as denúncias? Pelo visto até agora o objetivo é só vender produtos, e nem se tratam de novos produtos, são os mesmos, só que usando o nome Caixa para Elas. É vergonhoso!”, avalia o diretor sindical Hugo Saraiva.
O Sindicato acompanha o desenvolver do programa durante a semana e espera por uma programação de qualidade, que de fato possa valorizar as bancárias e apresente caminhos para combate aos assédios. Da mesma forma, segue reivindicando a apuração rigorosa das denúncias.