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Bancários do Bradesco aprovam pauta de reivindicações específica em encontro nacional

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Defesa dos empregos e valorização dos funcionários, com melhorias nas cláusulas econômicas, nas condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores são um dos principais pontos 

 

Reivindicacaobra0706Defesa dos empregos e valorização dos funcionários, com melhorias nas cláusulas econômicas, nas condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores do Bradesco. Esses são alguns dos principais pontos da pauta de reivindicações específicas dos funcionários do banco, aprovada nesta quinta-feira (6), durante o Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco, que ocorreu de forma híbrida, para que os bancários do Rio Grande Sul pudessem participar. O encontro reuniu presencialmente, em São Paulo, trabalhadores de todo o país.

“Estamos no momento do ano mais importante para a nossa mobilização, que é a realização de nossa Campanha Nacional 2024. Aqui aprovamos a minuta específica dos trabalhadores do Bradesco, que será entregue ao banco para darmos início aos debates específicos na mesa de negociação com o Bradesco. Paralelamente, vamos construir, na Conferência Nacional dos Bancários, que começa sexta e se encerra no domingo, a pauta de reivindicações geral da categoria, a ser negociada entre Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban. Portanto, é fundamental que os bancários do Bradesco estejam atentos, que acompanhem e participem ativamente de todas as etapas da nossa Campanha. Juntos avançamos nas conquistas. Vamos à luta!”, disse a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, Magaly Fagundes.

Na mesa de abertura, a presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, destacou o momento difícil para os trabalhadores do Bradesco, que implementa uma reestruturação com fechamento de agências e extinção de postos de trabalho. “Os bancários estão com medo de serem os próximos a perderem seus empregos. E uma das principais preocupações do movimento sindical é a defesa do emprego.”

Durante sua análise de conjuntura, Juvandia lembrou que após o golpe que depôs Dilma Rousseff e que resultou na ascensão da extrema direita, esta será a primeira campanha dos bancários na retomada de um governo progressista. Mas destacou que os desafios do governo são grandes diante da oposição, que é maioria no Congresso. “O governo Lula agora tem que negociar muito mais do que antes. Vivemos quase um semi parlamentarismo, onde metade do orçamento é determinado pelo parlamento e outra grande parte vai para os juros da dívida pública. Os juros pagos pelo setor público brasileiro alcançaram R$ 700 bilhões (no acumulado de 12 meses até setembro de 2023). São R$ 700 bi que deixam de virar política publica, que deixam de ser crédito para o agricultor, que deixam de capitalizar bancos para fazerem política de crédito a juros baixos, ou seja, que deixam de ser empregados no desenvolvimento do país, com redução das desigualdades sociais. É urgente que o BC reduza a taxa Selic.”

Ela também destacou a necessidade de regulamentação do setor financeiro e de se apropriar das mudanças pelas quais estamos passando. “Avanços tecnológicos, robótica, biotecnologia, inteligência artificial…Estamos vivendo um processo de mudança profunda, disruptivo. Acho que essa mudança pode ser muito boa, mas apenas se nos apropriarmos das vantagens que elas podem trazer. Se não fizermos isso, será trágico, levará a uma maior desigualdade no mundo. Mas somos os 99% enquanto que eles são apenas o 1%. Eu acredito na gente, na força da nossa mobilização”, concluiu.

Na mesma mesa, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, destacou que o momento que vivemos, no Brasil e no mundo, é bem diverso do contexto de campanhas passadas. “Estamos vivendo um momento de digitalização, de plataformização, de fake news, de embate com a extrema direita. Todas essas questões têm de estar presentes no nosso debate porque elas influenciam a nossa organização. Temos de defender os empregos no Bradesco e no setor bancário como um todo e é essencial que a gente se organize nas redes sociais, para ampliar nossa mobilização e para enfrentar as mentiras da extrema direita. ”

Plano de reestruturação

Durante o encontro, o economista do Dieese, Gustavo Carvazan, fez uma apresentação do Plano Estratégico do Bradesco, reestruturação que está sendo implementada pelo banco após quedas no lucro (de 28,4% de 2019 a 2020, e de 43,8% de 2021 a 2023) e rentabilidade (de 19,9% em 2019, para 10% em 2023) desde a pandemia. O plano, cujo principal objetivo é elevar os resultados do banco, começou a ser concretizado este ano, será realizado paulatinamente de trimestre a trimestre e terá duração de 5 anos (até 2028). Ele prevê, em linhas gerais:

Bradesco continuará atuando na área de varejo massificado, mas com outros custos. O que significa jogar esse segmento para atendimento em correspondentes bancários. Segundo o banco, as agências físicas permanecem apenas nos grandes centros urbanos, mas em outras localidades o Bradesco Expresso (rede de correspondentes) será o canal essencial; vai continuar atuando fortemente no segmento de pequenas e médias empresas;

  • Investir em um novo segmento, de afluentes, que são os clientes de alta renda. Muitos desses clientes, apesar de terem contas no Bradesco, preferem fazer investimentos em outros bancos. A intenção do banco é atender esses clientes através da Ágora Investimentos (do Grupo Bradesco), cujos especialistas trabalham no modelo autônomo.
  • Contratação de 3 a 4 mil pessoas da área de TI;
  • Investimento em canais de atendimento com mais tecnologia e IA (Inteligência Artificial).

Para implementar seu Plano Estratégico, o Bradesco dividiu a operacionalização da empresa em dois setores: Run the Bank (que se ocupa de manter o funcionamento do banco) e Change the Bank (com uma equipe empenhada em pensar e implementar as mudanças no banco). Além disso, fez mudanças estratégicas em sua diretoria, trazendo de fora executivos para ocuparem duas importantes vice-presidências: a de negócios digitais e a de Recursos Humanos. “A mudança no RH deixa ainda mais claro que o banco pretende mudar a gestão de pessoas”, destaca Gustavo.

Segundo o Bradesco, 2024 é um ano inicial e ainda não serão vistas grandes transformações, mas elas começam a aparecer em 2025. O economista destacou que o banco já começou a recuperar seus patamares de lucro: o resultado no primeiro trimestre de 2024 (de R$ 4,2 bilhões) já foi 46% maior que o do quarto trimestre de 2023. E a inadimplência, que chegou a ser de 6,7% para PF entre 2022 e 2023, também está voltando a patamares mais próximos da média do setor bancário. Mas o emprego continua diminuindo no Bradesco: em um ano foram 578 postos de trabalho a menos; em dois anos foram extintos 1.854 empregos e, desde 2016, são 23.159 postos de trabalho fechados.

Resoluções

Foi tirado como eixo de luta: a realização de uma campanha nacional em defesa do emprego, contra o fechamento de agências, combater as metas abusivas e melhorias no plano de saúde.

“O banco anunciou, em coletiva de imprensa, uma reestruturação que tem impactos diretos na organização do trabalho, sem qualquer participação do movimento sindical. É fundamental que os trabalhadores possam participar e intervir nessa reestruturação, com avaliações contínuas durante esses cinco anos, principalmente para discutir as condições de trabalho, contra a redução do quadro de funcionários e fechamento de agências”, destaca Magaly Fagundes.

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Nova coordenadora da COE

Ao final do encontro, foi eleita a nova coordenadora da COE Bradesco. A secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Erica de Oliveira, substituirá Magaly na coordenação da COE.

“Assumir a coordenação da COE Bradesco neste momento é um grande desafio e uma imensa responsabilidade. O momento nos exige disposição, muito estudo, muita conversa com os bancários e muita determinação para que possamos lutar, propor e obter conquistas relevantes para os bancários do Bradesco. O banco tem passado por muitas transformações e os trabalhadores não podem ser penalizados por isso.”

Fonte: Contraf-CUT

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