Banco descumpre acordos e gera clima de desespero entre os caixas; confira situação no Grande ABC
Os funcionários do Banco do Brasil promovem nesta quinta-feira (16) um Dia Nacional de Luta em resposta ao descumprimento de compromissos assumidos pela instituição durante a Campanha Nacional 2024. O banco havia garantido que haveria novos cargos e os caixas seriam realocados em nova função com manutenção de remuneração similar ou superior à da gratificação de caixa, mas a realidade tem se mostrado diferente.
Atualmente, caixas estão sendo comunicados que perderão suas funções em 1º de fevereiro, gerando um clima de desespero entre os trabalhadores. Muitos afirmam que não têm alternativas viáveis para realocação, contrariando o que foi prometido pelo banco, que assegurou a permanência dos trabalhadores na mesma cidade. Em algumas agências, quando há mais de um caixa para uma única vaga, o gerente geral está sendo responsabilizado por decidir quem ficará no cargo, um processo que desrespeita o histórico sistema interno de ascensão e oportunidades do banco.
Na nossa região, o Grande ABC, não foram oferecidos cargos para os caixas que, mesmo realizando o curso de reciclagem, não têm opção de carreira. E isso vai na contramão do que foi acordado com o Banco do Brasil em mesa de negociação. “Em novembro do ano passado o Banco do Brasil se comprometeu a criar novas funções de assistentes de atendimento e negócios e a abrir vagas em quantidade suficiente para atender a todos os que não estariam mais contemplados com a gratificação de caixa. Hoje, 16 de janeiro de 2025, em todo o ABC ainda não foram oferecidos cargos para os caixas, que não têm opção de carreira na região. Isso vai na contramão do que foi acordado com o banco e não podemos admitir essa situação. Estamos mobilizados e pedimos aos funcionários que participem das atividades e denunciem qualquer situação abusiva do BB entrando em contato com o Sindicato”, orienta a diretora sindical Karin Diaz Caliento.
Segundo levantamento dos diretores sindicais a situação na nossa região é a seguinte: na PSO Mauá – perda de duas vagas, 2 funcionários terão que sair. Hoje há 9 caixas, 5 agentes comerciais e 2 caixas incorporaram; na PSO São Bernardo - há 23 caixas, 4 agentes comerciais e 10 caixas incorporaram; na PSO Santo André - são 23 caixas, 8 agentes comerciais e 8 caixas incorporaram. Em Rio Grande da Serra o quadro foi mantido.
De acordo com o secretário de Saúde do Sindicato, Natalino Fabbrini, os cargos criados até o momento são os de Assistente Transversal e de Especialista em Atendimento. Mas na região do ABC as poucas vagas criadas de Assistente Transversal foram destinadas aos assistentes já existentes nas agências e que terão suas funções extintas. Já o cargo de Especialista em Atendimento, também transversal, é direcionado ao Supervisor de Atendimento, que também terá seu cargo extinto. O cargo “transversal” tem como uma de suas atribuições a possibilidade desse funcionário atuar no caixa, formalizando uma situação de acumulação de funções, o que tem deixado Assistentes e Supervisores alarmados. Para piorar a situação, a opção dada a eles é a de migrar para a nova função ou serem descomissionados, voltando à função de agente comercial.
Metas abusivas e sobrecarga de responsabilidades - Além do descumprimento dos acordos, a vice-presidência de Varejo do banco segue pressionando trabalhadores com metas abusivas em busca de lucros que desvirtuam o papel do Banco do Brasil como instituição pública. Agora, somam-se novas responsabilidades atribuídas aos gerentes gerais, que precisam decidir, muitas vezes de forma constrangedora, quem ficará com as poucas vagas disponíveis, enquanto os caixas ficam sem espaço para movimentação.
Outro ponto de insatisfação é o curso de reciclagem prometido aos caixas, que virou um pré-requisito para concorrer às vagas sem que isso tivesse sido acordado previamente. Muitos trabalhadores que estavam de licença ou férias, ou mesmo os que têm alta demanda de trabalho, não conseguiram realizar o curso e, agora, estão sendo prejudicados.
Para o movimento sindical, a situação é inaceitável, pois o que inicialmente foi entendido como uma reestruturação diferente das anteriores, com abertura de oportunidades e aumento de salários, na prática se revela, por meio das denúncias dos funcionários, uma reestruturação que repete práticas anteriores, gera insegurança e desrespeita o que acordado em mesa.
“O Dia Nacional de Luta é uma resposta enfática às práticas da gestão do banco, que tem se afastado do interesse público. A manutenção dos caixas é primordial para garantir à população o melhor atendimento. A mobilização busca reforçar a luta por condições de trabalho justas, cumprimento dos acordos e respeito aos trabalhadores”, enfatiza o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga Jr. "Os funcionários também têm pedido que o governo utilize o BB para objetivos estratégicos de cunho social e desenvolvimento para o País”, completa a diretora Karin.
Outros temas – No último 10 de janeiro a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) apresentou nova proposta para alterar a forma de pagamento das cobranças feitas aos funcionários do Banco do Brasil associados à entidade. Essas cobranças referem-se a valores não recolhidos pelo banco durante o período de julho de 2010 a setembro de 2023, relativos a ações trabalhistas e acordos firmados nas Comissões de Conciliação Voluntária ou nas Comissões de Conciliação Prévia (CCV/CCP).
Apesar da alteração na proposta, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) lamenta que a proposta não tenha sido substancialmente modificada, mantendo a orientação de NÃO adesão por parte dos trabalhadores. O Banco do Brasil, na época, não fez os descontos necessários nem recolheu a sua parte nas contribuições para a Cassi, o que levou à atual cobrança, que tem gerado grande preocupação entre os bancários. Para mais informações sobre o tema, acesse o site do Sindicato – www.bancariosabc.org.br
Já uma conquista importante para os trabalhadores do Banco do Brasil foi alcançada em meados de dezembro último, quando a Justiça do Trabalho restabeleceu a tutela antecipada em ação movida pela Contraf-CUT e federações contra o banco e garantiu a incorporação das gratificações/comissões aos funcionários atingidos pela reestruturação de 2016 que já haviam recebido essas verbas por mais de 10 anos. A próxima audiência foi marcada para o dia 18 de fevereiro de 2025, às 13h40, quando as partes poderão ratificar suas defesas e réplicas.