Na terceira rodada de negociação específica do BB, que debateu saúde e condições de trabalho, instituição financeira sugeriu a implantação de apenas um ciclo avaliatório para descomissionamento, ao invés dos três atuais, na Gestão de Desempenho Profissional
O Banco do Brasil propôs mudança na Gestão de Desempenho Profissional (GDP) com a implantação de apenas um ciclo avaliatório (um semestre) para descomissionamento, em substituição aos atuais três ciclos (um ano e meio). A proposta foi feita na terceira negociação entre a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e representantes do banco. A mesa debate a pauta específica de reivindicações para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) dos funcionários do BB, no âmbito da Campanha Nacional dos Bancários 2020.
O tema da rodada de negociação realizada nesta sexta-feira 14 foi saúde e condições de trabalho.
> Primeira negociação: Home office: comissão dos funcionários apresenta proposta ao Banco do Brasil
> Segunda negociação: Bancários cobram mais contratações do Banco do Brasil
A justificativa da proposta, segundo o banco é para adequação à realidade dos gestores de agências, que são submetidos a apenas um ciclo avaliatório.
A CEBB reforçou que defende justamente o inverso: ao invés de instituir um ciclo para todos os funcionários, que o gestor também conte com um ano e meio de avaliação.
“Defendemos a implantação de 3 ciclos para os gestores, o que se mostraria uma política de gestão do banco mais correta os trabalhadores e com suas famílias, além de ser mais adequada ao tempo de desenvolvimento profissional no local de trabalho”, afirma Getulio Maciel, dirigente sindical e representante da CEEB pela FETEC-CUT/SP.
“Mas ao invés disso, o banco apresenta uma proposta de diminuição do ciclo avaliatório alegando que é uma questão de planejamento. Além de ser uma retirada de direitos, a proposta de avaliação em apenas um semestre vai de encontro a tudo aquilo que o próprio banco defende, que é o planejamento, o feedback, a preparação, a curva de aprendizado do funcionário. E é impossível medir tudo isso em apenas um semestre, de acordo com o que dizem os bons manuais de adminsitração, e qualquer curva de aprendizado e análise psicológica”, pontua João Fukunaga, diretor executivo do Sindicato e coordenador da CEBB.
Metas mais humanas
Os representantes dos trabalhadores também reivindicaram do Banco do Brasil um sistema de cobrança de metas mais humano e racional a fim de diminuir o aumento dos casos de adoecimentos que acometem os funcionários da instituição financeira.
A CEBB enfatizou que a cobrança excessiva por metas abusivas, além de gerar um cenário adoecedor para os trabalhadores, muitas vezes resultam em práticas antiéticas
O Banco do Brasil respondeu que repudia veementemente qualquer tipo de assédio moral.
Covid-19
Também foi cobrado do banco a implantação de uma mesa específica de negociação específica para debater as condições de trabalho diante do cenário emergido da crise do coronavírus. Esta mesa será realizada na segunda-feira 17, quando também será debatida a questão das metas.
O BB também se comprometeu a renovar a mesa permanente de discussão de saúde e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). “Este ponto específico representa um avanço para os bancários porque não é algo que pode ser clausulado no Acordo Coletivo de Trabalho, mas é um tema que precisa ser acompanhado pelos representantes dos trabalhadores a fim de evitar mais adoecimentos”, afirma Maciel.
Setor bancário é gerador de doenças
Dados do INSS comprovam que a categoria bancária é uma das que mais adoece por conta do trabalho. Entre 2009 e 2013, houve um aumento de 40,4% no total de benefícios concedidos aos bancários, enquanto que para as demais categorias profissionais o crescimento foi de 26,2%.
Ainda segundo dados do INSS, de 2009 a 2018 mais da metade (56%) dos afastamentos de bancários foram reconhecidos como doença do trabalho, sendo as mais comuns: depressão, ansiedade, estresse e as LER/Dort. As doenças psicológicas foram progressivamente tornando-se prevalentes; de 2013 em diante, passaram a ser maiores que as Ler/Dort.
Segundo o Observatório de Saúde do Trabalhador, do Ministério Público do Trabalho, a incidência das doenças mentais e tendinites entre bancários é no mínimo de 3 a 4 vezes maior que a da maioria da população. O que demonstra que o fator trabalho é crucial para essa incidência.
Entre 2012 e 2017 os bancos foram responsáveis por apenas 1% dos empregos criados no país, mas por 5% dos afastamentos por doença, ainda segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.
Fonte: Seeb-SP