Mandato foi marcado por atitudes retrógradas, mas saída infelizmente não representa fim das intenções privatistas, avalia diretor
O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, entregou na sexta (24) seu pedido de renúncia do cargo ao presidente Bolsonaro e ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele ocupava o posto desde o início do governo, em janeiro de 2019, e afirmou que decidiu deixar o cargo por "não se adaptar à cultura de privilégios, compadrio e corrupção de Brasília". Novaes teve seu mandato marcado por atitudes e declarações retrógradas, como por exemplo o desejo de acabar com curso interno sobre ética, desvalorização dos empregados e privatização do banco.
Apesar do discurso anticorrupção e compadrio da saída, Novaes deixa o BB sem esclarecer por que, sob sua gestão, pela primeira vez em sua história o Banco do Brasil realizou cessão de carteira de crédito a uma instituição fora de seu conglomerado – no caso, ao BTG Pactual, fundado pelo ministro Guedes. A venda teria ocorrido por R$ 370 milhões, sendo que a carteira de crédito valia R$ 3 bilhões. O negócio foi feito sem licitação ou concorrência. “Ele sai sob a denúncia dessa operação suspeita junto ao BTG e, infelizmente, sua renúncia não significa o fim da tentativa de esvaziamento do banco como empresa pública e nem o fim das intenções privatistas deste governo”, afirma o diretor sindical Otoni Lima, também funcionário do BB.
De acordo com o site Poder 360 o sucessor de Novaes já foi apresentado por Guedes a Bolsonaro, que teria concordado, mas o nome ainda não foi divulgado. Especulações da imprensa apontam para Carlos Hamilton Vasconcelos de Araújo, vice-presidente de Gestão Financeira e Relação com Investidores do BB, que atuou como secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda em 2016 e como diretor de Política Econômica e Diretor de Assuntos Internacionais de 2010 a 2015.