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BB tem alta de 41,2% no lucro, mas segue focado em privatizar e penalizando trabalhadores e sociedade

Banco do Brasil
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Mesmo com grande lucro e rentabilidade governo está vendendo partes da instituição e promove reestruturação que pode prejudicar bancários e população; PLR deve ser paga dia 5

bbO Banco do Brasil obteve lucro líquido contábil de R$ 18,16 bilhões em 2019, segundo análise do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no relatório de balanço apresentado pelo banco. O montante representa um crescimento de 41,2% na comparação com 2018, quando a instituição lucrou R$ 12,86 bilhões. Logo após anunciar seu lucro o BB divulgou que a parcela referente ao segundo semestre de 2019 da Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) será paga aos funcionários no dia 5 de março.

Considerados apenas dados do 4º trimestre, o lucro líquido do banco foi de R$ 5,69 bilhões, alta de 33,8% na comparação com o trimestre anterior e de 49,7% ante os últimos 3 meses de 2018, quando o lucro foi de R$ 4,25 bilhões. “O BB é altamente rentável. Mesmo assim, o governo vende partes do banco e inicia uma reestruturação que pode prejudicar funcionários e sociedade”, aponta o diretor sindical Otoni Lima. Entre outras coisas, o banco promover política de fomento ao desenvolvimento agrário e à produção de alimentos e abastece o Tesouro Nacional com recursos que utilizados em outras políticas governamentais; ou seja, tem papel fundamental para o País.

“Segredo” do resultado - O resultado do BB foi impulsionado pelo aumento da margem financeira bruta e pelas receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias, que cresceram 6,5% em um ano, alcançando R$ 29,2 bilhões, enquanto, as despesas com pessoal, incluindo o pagamento da PLR, cresceram 13,6% no mesmo período, totalizando a R$ 25,6 bilhões. Assim, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 114,06% em dezembro de 2019.

O banco também tem promovido constantes “reestruturações”, com demissões de pessoal, descomissionamento, redução das remunerações e alteração do plano de carreira entre outros.

Ao final de 2019, o BB contava com 93.190 funcionários, uma redução de 3.699 postos de trabalho no ano. Essa redução do quadro se deve ao Programa de Adequação de Quadros (PAQ), anunciado ao final de julho de 2019, e que, de acordo com o relatório do banco, resultou no desligamento de 2.367 funcionários, gerando uma despesa de R$ 250 milhões. No período, também em função do PAQ, foram fechadas 366 agências e aberto 1 posto de atendimento bancário.

Os funcionários têm se manifestado contra as reestruturações promovidas pelo banco. Na última quarta, 12, sindicatos de todo o Brasil realizaram um Dia Nacional de Luta contra as reestruturações em andamento. Além das atividades nas agências e departamentos administrativos, a Contraf-CUT, através do secretário de Relações do Trabalho, Jefão Meira, foi ao Congresso Nacional para solicitar apoio dos parlamentares na denúncia do desmonte do BB. Na quarta, ainda, o deputado Paulo Pimenta (PT/RS) atendeu o pedido e denunciou a privatização disfarçada do banco e declarou seu apoio à luta dos trabalhadores.

Acionistas lucram alto - O retorno sobre patrimônio líquido (RSPL), que mede como o banco remunera seus acionistas, cresceu para 18,8% em 2019, alta 3,7 pontos percentuais na comparação com 2018.

O Conselho de Administração do banco aprovou para o exercício de 2020 a manutenção do intervalo de 30% a 40% do lucro líquido a ser distribuído (payout), via dividendos e/ou juros sobre o capital próprio (JCP) aos acionistas.

Carteira de crédito cai 2,6% - O Banco do Brasil fechou o ano com uma carteira de crédito de R$ 680,7 bilhões, queda de 2,6% na comparação com 2018. Segundo o banco, a “a redução pode ser explicada principalmente pela dinâmica da carteira atacado, onde tem se observado uma migração para mercado de capitais”.

A queda na carteira reflete a política do governo de redução da capacidade de fomento dos bancos públicos, uma política que abre espaço para que os bancos privados avancem sobre o mercado de crédito – no entanto, os privados não têm a mesma política de fomento dos bancos públicos, concentram os créditos na região Sudeste e só o oferecem a quem já tem dinheiro, o que aumenta a concentração de renda e as desigualdades.

O crédito para Pessoa Jurídica teve queda de 10,9% em relação a dezembro de 2018, totalizando R$ 247,1 bilhões, com redução maior nas linhas para Grandes Empresas (-7,6%) e Governo (-0,7%). O destaque positivo no segmento PJ ocorreu nas linhas de financiamento para Micro, Pequenas e Médias Empresas (alta de 8,5% no período).

Já o crédito para Pessoa Física cresceu 8,9% em doze meses, totalizando R$ 215,0 bilhões e com destaques para os empréstimos pessoais (+45,2%), o crédito renegociado (+19,2%) e o crédito consignado (+14,3%), enquanto o cheque especial caiu 17,7% e as linhas de financiamento a veículos caíram 9,3% em doze meses. A carteira do Agronegócio (que representa 55,4% do segmento no país) caiu 2,7% em doze meses, com leve alta de 0,5% no trimestre, chegando a R$ 183,5 bilhões.

Resultados da concorrência - O maior lucro entre os grandes bancos em 2019 foi o do Itaú, que registrou ganhos de R$ 28,363 bilhões, um crescimento de 10,2% sobre 2018. No Bradesco, o lucro chegou a R$ 25,887 bilhões em 2019, um aumento de 20% em relação aos R$ 21,564 bilhões apurados no exercício de 2018. O banco Santander obteve um Lucro Líquido Gerencial de R$ 14,550 bilhões em 2019, crescimento de 17,4%, em relação a 2018. O lucro obtido no Brasil representou 28% do lucro global do banco, que foi de € 8,252 bilhões (com crescimento de 3% em um ano).

A tabela abaixo traz um resumo dos dados e o arquivo anexo a análise completa.

Fonte: Contraf-CUT, com Redação

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