Justificativa agora é de baratear crédito, mas argumento não se sustenta
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe estudam a privatização do Banco do Brasil. A informação foi mais uma vez veiculada pela imprensa na última semana, agora com a justificativa de que a venda serviria para baratear e diversificar o acesso ao crédito no País, ampliando a concorrência. No entanto, a argumentação não se sustenta, pois sem o BB público haveria ainda mais concentração no setor bancário, com grande prejuízo no financiamento de crédito, especialmente no setor agrícola. Na agricultura familiar o BB participa com cerca de 70% do financiamento. “Os bancos privados não se interessam pelo setor porque as taxas de juros são menores e o retorno a longo prazo”, explica o diretor sindical e funcionário do banco Otoni Lima.
Segundo a conselheira de Administração Representante dos Funcionários (Caref) do Banco do Brasil, Débora Fonseca, a eventual privatização “simplesmente inviabilizaria a agricultura familiar” no País, o que acarretaria no aumento de custos da produção, com impactos diretos no preço dos alimentos para o consumidor final. “Hoje, mais de mil municípios possuem apenas uma agência de único banco. Nessas cidades a metade das agências é do Banco do Brasil”, afirma.