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Sindicato garante reintegração de bancário do Itaú

A diretora sindical Carina Leone e o bancário Sílvio Severo dos Santos

Itaú
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Sílvio, 46 anos, tem sequelas de sequestro e assalto; ao procurar a entidade para ingressar com pedido de benefício junto ao INSS, acabou impedindo que o banco o demitisse após uma carreira de quase três décadas

O hábito de procurar sempre o Sindicato para buscar esclarecimentos sobre seus direitos foi determinante para que o bancário Sílvio Severo dos Santos, 46 anos, conquistasse sua reintegração na empresa. Sílvio, que tem 27 anos de Itaú, passou por muitas situações-limite durante essa longa carreira, mas entre as mais sentidas talvez esteja hoje justamente o descaso com que acabou sendo tratado pela instituição.

Em junho de 2008 Sílvio trabalhava como gerente operacional em uma agência no Jardim Zaíra, em Mauá, quando foi sequestrado ao sair de casa. Os bandidos o fizeram ir até o banco para retirar o dinheiro, dizendo que estavam seguindo sua esposa (também bancária) e ameaçando matá-la se ele não colaborasse. Felizmente, estavam blefando. Como um morador presenciou o sequestro, a denúncia levou a polícia ao banco, e o roubo acabou não ocorrendo.

“Fiquei cerca de duas horas com os sequestradores. Quando cheguei na agência e soube que minha esposa tinha telefonado, que estava bem, desabei”, relembra. À época, ele não foi afastado: o Itaú apenas antecipou e prolongou por dois meses suas férias. Mas novos episódios de violência e suas sequelas prosseguiriam por muito mais tempo, tanto para Sílvio como para sua esposa e filho que, à época, tinha apenas cinco anos de idade. “Depois do sequestro meu filho ficou agressivo e tivemos que colocá-lo em outra escola. Também nos mudamos, mas tentaram entrar em nossa casa por três vezes”, conta. O bancário ainda teve que enfrentar um assalto em outra unidade do banco. Como consequência, até hoje tem que tomar remédios para dormir e para ansiedade, e teme trabalhar em agências de rua ou de grande movimentação.

Apesar de o Itaú manter um programa de readaptação para trabalhadores que enfrentam traumas do tipo, Sílvio relata que a discriminação existe: vem dos gestores e dos próprios colegas de trabalho. “Os gestores não querem alguém que não produz como os demais. E os colegas não são solidários, fazem comentários, piadas”, lamenta, acrescentando que também sua esposa (que atua no mesmo banco) passa por situações semelhantes e até enfrenta assédio moral.

Estabilidade - Com a carreira interrompida, sem a chance de promoções e recebendo avaliações duvidosas por parte de gestores ou mesmo dos médicos que trabalham para o banco (que, explica, nunca diagnosticam a incapacidade para o trabalho por conta das doenças), Sílvio acabou sendo demitido em maio passado. O que o banco não sabia, porém, é que desde junho de 2012 o bancário buscava no INSS, a partir de processo aberto com orientação do Sindicato, um benefício que viria a lhe conferir estabilidade. E esse benefício, um auxílio doença acidentário, foi concedido, garantindo sua permanência no emprego.

“Se eu não tivesse procurado o Sindicato estaria demitido. Eu me sinto injustiçado pelo banco, mas felizmente busquei meus direitos. E digo a todo mundo: não adianta reclamar e só cobrar, tem que buscar os esclarecimentos no Sindicato para garantir os direitos”, aponta. A diretora Carina Leone, que acompanha o caso de Sílvio, lembra que o Sindicato é dos trabalhadores bancários, e todos devem recorrer a ele. “Hoje em dia, por exemplo, a reforma trabalhista faz com que as homologações não sejam mais feitas na entidade. Mas é um erro que pode trazer graves consequências, porque até nesse momento o bancário pode sair prejudicado”, explica.

Assim como no caso de Sílvio, o Sindicato está de portas abertas para receber denúncias, orientar no caso de processos jurídicos e esclarecer sobre a legislação específica para todos os trabalhadores bancários, sejam eles sindicalizados ou não. Quem se sindicaliza, porém, ajuda também a fortalecer as lutas da entidade, especialmente nesse difícil momento que o País atravessa, quando um governo ilegítimo tenta impedir ao máximo a atuação dos sindicatos combativos, inclusive do ponto de vista financeiro. Associados também têm muitos outros benefícios, como pode ser conferido no site da entidade: www.bancariosabc.org.br

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