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Lucro de grandes bancos cresce 21%

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Mesmo sem avançar na concessão de crédito, instituições ganharam muito com mais spreads e elevando a cobrança de tarifas e gestão de fundos. Mas seguem demitindo e fechando agências, prejudicando seus trabalhadores e a sociedade 

Depois de amargarem uma rara queda no lucro em 2016, os grandes bancos brasileiros retomaram a rotina de resultados em alta. Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil lucraram R$ 64,9 bilhões no ano passado, alta de 21%. E, é fundamental destacar, lucraram sem avançar em seu principal negócio: a concessão de crédito, já que saldo de financiamentos registrou queda de 1,3% em relação a 2016, o segundo ano consecutivo de retração. E lucraram sem se importar com seus trabalhadores e sociedade, pois demitiram muito e fecharam agências durante todo 2017.

O resultado dos bancos em 2017 impressiona não só pelo contexto de atividade econômica ainda fraca como pelo fato de ter ocorrido em meio ao ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic). As margens até refletiram o juro menor, mas a queda nas despesas de provisão contra calotes mais do que compensou esse efeito nos balanços de 2017.

Para analistas, a retomada do crédito e a continuidade da queda da inadimplência devem garantir mais um ano de lucros em alta. Para este ano, a projeção é de um avanço da ordem de 10% nos resultados, mas o número pode ser ainda melhor, dependendo do desempenho do crédito. A expectativa é de um resultado combinado de R$ 71,4 bilhões dos quatro bancos, considerando o ponto médio das estimativas divulgadas pelas instituições e cálculos de analistas.

A maioria das empresas não financeiras não divulgou o balanço anual. Mas a comparação com base nos 12 meses encerrados em setembro mostra que o lucro contábil dos quatro bancos, de R$ 54 bilhões, ficou pouco abaixo dos R$ 55,3 bilhões registrados por 260 companhias abertas no mesmo período, segundo cálculos do Valor Data.

Para 2018, Itaú e Bradesco projetam um crescimento de até 7% nos financiamentos, no melhor cenário, em 2018. Os bancos reagiram às perdas no crédito durante a crise aumentando os spreads dos financiamentos. As taxas começaram a cair junto com a redução da Selic, mas a tendência é que os spreads se mantenham estáveis ao longo deste ano.

Para compensar a queda dos juros, os bancos esperam crescer em linhas de crédito com mais spread, como as voltadas a pessoas físicas e pequenas e médias empresas. O Santander deu início a esse movimento primeiro e foi o único entre os grandes bancos a registrar aumento no saldo de financiamentos no ano passado. A unidade brasileira do banco espanhol teve o melhor o resultado da história no país em 2017.

A melhora da rentabilidade também é um objetivo declarado do Banco do Brasil. Em 2017, a rentabilidade do BB foi de 12,3%, contra 8,8% no ano anterior. Com o negócio de crédito ainda em ritmo lento, os bancos procuraram faturar em outras linhas, como a cobrança de tarifas de conta corrente e gestão de fundos.

Fontes: Valor Econômico e Carta Maior, com edição

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