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CPI da Pandemia: depoimentos confirmam que governo Bolsonaro ignorou compra de vacinas

Coronavírus
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Pfizer ofertou 1,5 milhão de doses no ano passado, o que poderia ter salvo muitas vítimas da doença no País, inclusive na categoria bancária, cuja inclusão no grupo prioritário é reivindicada pelo Sindicato

O descontrole e descaso do governo federal com a pandemia de covid-19 e suas vítimas no País ganhou o Congresso Nacional e foi confirmado, ontem (12) no confuso, mas revelador, depoimento do ex-secretário especial de Comunicação Social Fábio Wajngarten à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

Quinta pessoa a depor à CPI, o ex-secretário foi questionado sobre entrevista concedida à revista Veja em abril deste ano, um mês após deixar o cargo. Nela, Wajngarten afirma que o acordo com a farmacêutica Pfizer para fornecimento de vacinas contra a covid-19 não prosperou por “incompetência e ineficiência” da “equipe que gerenciava o Ministério da Saúde nesse período”.

No depoimento de ontem à CPI ele confirmou que o governo recebeu, em setembro do ano passado, uma carta da Pfizer ofertando doses da vacina e que o pedido ficou parado por, pelo menos, dois meses. Ou seja, sem que se desse importância.
Seu depoimento foi marcado também por uma sucessão de declarações desmentidas. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a alertar para a necessidade de prender Wajngarten, pois depondo na condição de testemunha, deveria seguir o juramento constitucional de falar a verdade.

Hoje quem fala à CPI é o representante da Pfizer, Carlos Murillo, gerente-geral da empresa para a América Latina, Segundo ele, o governo Bolsonaro não aceitou (entre agosto e setembro do ano passado) contratos oferecidos pela farmacêutica que previam 1,5 milhão de doses da vacina ainda em 2020.
"A vacinação no Brasil só começou neste ano, o que significa que muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse agilizado a compra de vacinas. Ainda assim, é um processo lento, com falta de doses e atraso, o que impossibilita uma imunização da maioria. E enquanto isso aumentam os casos e as mortes prosseguem", destaca o diretor sindical Otoni Lima.

A categoria bancária reivindica inclusão de seus trabalhadores no grupo prioritário para vacinação, já que é grande a exposição no trabalho presencial em agências. "No entanto, há falta de empenho dos bancos em defender essa necessidade, o que também configura um grande descaso com os bancários", avalia o diretor sindical.