Clientes e usuários sofrem por causa das más condições de trabalho no banco, embora paguem cada vez mais pelas tarifas e serviços
“Os clientes estão esperando horas para serem atendidos. Um absurdo...” O desabafo, ao contrário do que se poderia esperar, não é de um cliente aguardando atendimento, mas de um bancário, que relata as consequências das péssimas condições de trabalho em sua agência, com cobranças, assédio moral, estresse e a falta de funcionários para realizar um bom atendimento...
E a espera para ser atendido não é o único descaso do Bradesco com seus clientes e usuários: há, também, em algumas unidades do banco, uma verdadeira “triagem” para admitir quem entra ou não na agência, feita pouco antes da porta de acesso. Se o cliente não for considerado “apto” (porque vai pagar contas de pequeno valor, por exemplo) é encaminhado a outro local, inclusive a correspondentes bancários, onde as condições de segurança são mais precárias. “O Bradesco lucrou muito no ano passado, para ele não houve crise nenhuma. Mas essa riqueza não serviu para valorizar nem seus empregados nem seus clientes”, avalia a diretora sindical Anaide Silva.
Mais grave, ainda, é saber que o banco aumentou o valor das tarifas e serviços bancários; ou seja, à custa dos clientes aumentou seu lucro, mas não está nem aí para lhes oferecer melhor atendimento. A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 5,0% em doze meses, totalizando R$ 25,2 bilhões. “A população precisa compreender que o bom atendimento não depende do bancário, mas da estrutura que ele tem para isso. E essa estrutura hoje não existe no Bradesco”, destaca Anaide, acrescentando que é preciso reivindicar melhorias para todos, numa luta conjunta com a categoria bancária.
Leia também: Cobrança exagerada penaliza bancários