Cobrança exagerada penaliza bancários

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Funcionários relatam assédio, esgotamento e demora no atendimento a clientes num ambiente de trabalho carregado de tensão, propício apenas ao adoecimento

barbárie no Bradesco“Aliviar o sofrimento dos funcionários”, “cobrança excessiva e sem reposição”, “agência cheia de clientes”, “esgotamento mental”. Essas são apenas algumas das expressões frequentes nas denúncias que o Sindicato vem recebendo dos trabalhadores do Bradesco. Uma realidade que se agrava e indigna, quando se sabe que o banco lucrou 30% a mais no ano passado e, mesmo assim, encerrou 2018 com 203 postos de trabalho a menos - no acumulado, o lucro do banco atingiu R$ 19,085 bilhões.

Com metas muito além do limite, acúmulo de funções e uma cobrança ostensiva aos trabalhadores, várias vezes ao dia, a situação tem se tornado insustentável. “Há relatos de bancários que recebem cobranças de tantos departamentos que às vezes nem mesmo sabem de que se trata. Um ambiente terrivelmente nocivo e muito distante do que se considera trabalho digno”, aponta o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato e funcionário do banco Genilson Ferreira de Araújo, lembrando que a cada dia crescem os casos de afastamento por transtornos mentais na categoria bancária.

Com a falta de mão de obra e sobrecarga de trabalho, o atendimento também fica prejudicado. Por isso mesmo, ressalta o diretor sindical, é fundamental contar com o apoio de toda a sociedade, esclarecendo sobre os problemas que afetam a todos – menos aos banqueiros, naturalmente, que preferem abocanhar lucros e investir em tecnologia do que aprimorar os serviços e melhorar o ambiente de trabalho.

Aliás, o Bradesco investe alto em tecnologia. Mantém mais de 250 serviços através das plataformas digitais (abertura de contas, pagamento com leitor de código de barras, gestão de empresas etc). Mais recentemente abriu outras frentes tecnológicas, como o Bradesco Inteligência Artificial (BIA), que responde perguntas sobre produtos e serviços. “Pena que a Bia não possa nos responder quando o banco vai começar a tratar mais dignamente seus funcionários, clientes e usuários”, ironiza o diretor sindical e também funcionário do banco Yasuki Niiuchi.

Novo diretor usa pressão e palavras inadequadas

Um novo diretor das regionais no ABC, que assumiu há pouco mais de um mês e meio, está contribuindo para piorar a situação dos bancários do Bradesco. Segundo relatos, só em fevereiro esse diretor promoveu mais de 20 áudios-conferência com os funcionários, muitos deles se estendendo para depois do expediente. Aliás, também pressiona excessivamente por metas e para que os trabalhadores deixem o banco mais tarde, até por volta das 20h. E tudo isso, segundo várias denúncias, falando de forma completamente inadequada com os trabalhadores. “Esse novo diretor precisa compreender que dessa forma nada vai melhorar. Estressar os bancários só vai leva-los ao adoecimento, além de criar um péssimo ambiente de trabalho para todos, inclusive para os clientes e usuários”, aponta o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira, lembrando que o Sindicato está aberto para o recebimento de denúncias e, se for o caso, acionar outros canais para resolver o problema.

 

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